Rita Cruz na peça “Não Me Faças Perder Tempo”, encenação de Rui Neto | Teatro Aberto

Quem não desejaria apaixonar-se à primeira vista? Encontrar um amor para a vida toda? Há quem procure realizar este desejo de hoje e de sempre através do speed-dating, um dispositivo de encontros entre desconhecidos que buscam o amor. Quatro mulheres e quatro homens têm quatro minutos para conversar com cada uma das pessoas do sexo oposto. A limitação de tempo implica que cada frase seja importante e tenha o poder de despertar interesse e cumplicidade no outro.

Não Me Faças Perder Tempo, a peça distinguida com o Grande Prémio de Teatro Português 2020, reflecte a urgência de amar na era digital, apresentando o speed-dating como uma alternativa analógica, uma fuga para a felicidade de todos os solteiros, misfits, ímpares, singulares, carentes, solitários e atarefados que trocam as aplicações de engate pelo ambiente breve e artificial de encontros ao vivo, na expectativa de um perfect match. Num mundo onde prolifera a peste, a guerra e a solidão, o amor é cada vez mais um lugar utópico. Será que é por este meio que alguém o vai encontrar?

Fotografia – Filipe Figueiredo